segunda-feira, 9 de maio de 2011

“Professor da Escola Dominical: Chamado ou Vocacionado?”
Iniciaremos esta abordagem definindo o que é a palavra “Magistério” e depois especificaremos o tipo de Magistério a analisar; segundo os dicionários, a palavra MAGISTÉRIO quer dizer: “Mestre”, “Grau de Mestre”, “Conjunto de Mestre”. Já a palavra “MESTRE” que é o sinônimo de Magistério, quer dizer: “homem que ENSINA qualquer arte ou ciência; a palavra mestre também pode significar um LIDER, SÁBIO, isto é, pessoa que aprofunda os seus conhecimentos em uma área qualquer para assim ensinar outrem. A palavra ENSINAR vem do termo grego “Didasko” que quer dizer: Instruir, Ensinar, Educar, Adestrar, dar lição, ou seja, é uma Transmissão de conhecimentos. O Mestre ensinador é uma pessoa capacitada intelectualmente e psicologicamente para só assim poder ensinar determinada pessoa ou mesmo um grupo dentro de uma classe. Porém, quando tratamos dos mestres cristãos, isto é, os ensinadores da inerrante e infalível palavra de Deus, estamos tratando de um ministério dado por Deus, o qual é um dom de Deus e por isso sabemos ser algo específico a cada pessoa e que vem diretamente do Senhor para a mesma; se não, vejamos como diz a palavra: “E Ele mesmo deu uns para...Mestres” ou “doutores” (noutra tradução), ver Efésios 4:11. O ensino bíblico é de importância capital para a sobrevivência da igreja; a aprendizagem é e sempre será inestimável, pois ela tem a ver com a salvação das almas. Sem o ensino Bíblico a igreja simplesmente atrofia em sua chamada e vocação, pois é através do ensino que materializamos a idéia de Cristo de se “fazer discípulos de todas as nações”. Todos os líderes deveriam reconhecer a importância do ensino, pois sem ele a igreja não pode ser chamada de igreja. O ensino é tão importante para o pastor Eliezer Morais que ele escreveu: “É através do ensino que cumpriremos a urgente tarefa de tornar discípulos os seguidores de Cristo. Quando é reconhecida a importância do ministério bíblico do ensino, também é necessário reconhecer a amplitude desse ministério e o importantíssimo papel que desempenha.” (Pastor Eliezer Morais –Ensinador Cristão – Ano 11 – nº 43, pag. 6). Percebemos nos evangelhos que Jesus mais ensinou do que pregou, mostrando já a partir de sua atitude, a inestimável importância do ensino, “ensinando nas sinagogas e..” (Mateus 4:23). Poderemos ver na palavra de Deus inúmeras passagens que demonstram por si só a importância de se instruir, isto é, do ensino cristão (Mateus 7:29; Mateus 13:54; Marcos 1:22; Marcos 4:2; Marcos 6:2; Marcos 8:31; Marcos 9:31; Marcos 14:49; Lucas 4:15; Lucas 4:31; Lucas 11:1; Lucas 12:12; João 6:45; João 14:26; Atos 1:1; Atos 4:18; Atos 5:25; Atos 5:42; Atos 15:35; Atos 18:25; Atos 21:28; Romanos 2:21; 1 Timóteo 2:12; 1 Timóteo 4:13; 1 Timóteo 6:3; 2 Timóteo 3:16; Tito 2:12; Hebreus 8:11 entre outros). Deus deseja instruir o seu povo e para isso nos transmitiu a sua palavra (2 Timóteo 3:16) e além disso ainda levanta homens e mulheres capacitados por Ele para que possam Educar o povo (“MATHETEUO”: fazei discípulos” - Mateus 28:19) nos seus retos caminhos. O pastor Elias Inácio que coopera na AD em Cordovil foi feliz em seu comentário - exposto no ensinador cristão - a este respeito quando disse: “Atualmente, o ofício do magistério cristão necessita de líderes que se preocupem e trabalhem para a formação espiritual e intelectual de seus liderados. O resultado conseguido será proporcional à maneira relevante com que tratamos a causa do Mestre. O benefício é de todos, ou seja, da família, igreja e sociedade em geral. Portanto, a igreja precisa de líderes, no sentido real da palavra, que vistam a camisa, arregacem as mangas e trabalhem com afinco em benefício dos liderados que o Senhor lhe confiou (Pastor Elias Inácio – Ensinador Cristão – Ano 11 – nº 43, pag. 9).
Bem, depois de definir o sentido da palavra mestre ou ensinador, no entanto, agora voltaremos nossa atenção mais para o sentido cristão que é o nosso caso, isto é, o mestre no ensino da palavra. Desta forma, precisamos saber então, se a prática do ensino cristão é uma CHAMADA ou VOCAÇÃO, ou mesmo se é os dois, um seguido do outro. Afinal de contas, um professor da Escola Bíblica, é chamado ou vocacionado? Eis a grande dúvida que muitos carregam atualmente consigo; para entendermos isso bem, precisamos definir o que é a chamada e a vocação! Primeiramente trataremos da CHAMADA e depois falaremos sobre a VOCAÇÃO. Segundo os dicionários a palavra Chamada quer dizer: “ato de chamar”, “toque de reunir”, “convocação”, “mandar vir”, “convidar”, “dizer o nome de alguém em voz alta” e etc. Encontramos na Bíblia diversas chamadas que Deus fez à certos homens e mulheres e até à crianças; encontramos Deus chamando Abraão (Gn 12:1-3), Moisés (Ex 3:1-5), Samuel (1 Samuel 3:1-10); Jeremias (Jeremias 1:4-10) e etc. Nos dias do Antigo Testamento, a chamada não era para todos e sim quase sempre apenas para Reis, Sacerdotes e Profetas além de outras poucas chamadas e isso para tarefas especificas. Já com o advento da Graça, percebemos que a chamada divina é coletiva, isto é, Deus está chamando todas as pessoas primeiramente para a Salvação (Mateus 11:28) e depois chama todos os crentes para o trabalho cristão (Mateus 28:19, 20) visto que a “Seara é realmente grande, mas poucos são os ceifeiros” (Mateus 9:37). A ordem para o trabalho de “fazer discípulos de todas as nações” é coletiva, isto é, para todo Cristão genuíno que quer obedecer a ordem Divina (Marcos 16:15). Entendemos que existem 3 tipos de chamadas; são elas: 1º - A chamada do HOMEM para o homem (Esta chamada ocorre quando uma pessoa é chamada apenas pelo Homem para uma tarefa - a qual é específica de Deus - e o mesmo que foi chamado não é na verdade comissionado por Deus, isto é, ele é apenas colocada por mera vontade humana e não por vontade divina como no caso de Saul, onde o povo foi quem o escolheu apenas por vontade própria – ver 1 Samuel 8:4-7). Sabemos de inúmeros casos de pessoas que foram colocados numa determinada função, e que não prosperam e isso exatamente por que foi uma “chamada” apenas por vontade do HOMEM estando assim na função errada. A outra chamada, isto é, o 2º tipo de chamada é a “chamada” PRÓPRIA, ou seja, é algo que se configura apenas como mera “VONTADE” da pessoa em fazer algo, isto é, a pessoa não tem o dom, porém, insiste em querer fazer aquilo para o que não foi chamado por Deus; a título de exemplo, de casos como este, citamos determinados pregadores ou mesmo “cantores” que não tem uma boa voz, não cantam afinado, e as suas composições (letras) não tocam ninguém a não serem eles mesmos e mesmo assim eles não se tocam de que não foram chamados para aquilo! Este é apenas um caso entre milhares deles, em que pessoas estão na função errada. A Palavra de Deus indaga: “Porventura, são todos apóstolos? São todos profetas? São todos Doutores? São todos operadores de milagres? Tem todos o dom de curar? Falam todos diversas línguas? Interpretam todos? (1 Coríntios 12:29, 30). Isto enfatiza que nem todos que querem ser profetas o serão de fato! De igual forma, nem todos que são tidos ou tem títulos de pastores, apóstolos, cantores ou pregadores o serão de fato e de verdade. Há um caso narrado nos evangelhos de um certo escriba (tradutor e interpretador das escrituras), que se ofereceu para seguir Jesus, isto é, aquele escriba certamente queria ser um missionário (queria seguir Jesus em todas suas viagens), porém Jesus o exortou “as raposas tem seus covis...”; e assim, não é declarado que Jesus o aceitou como tal, porém, a outro narrado no mesmo texto Jesus o admitiu (Mateus 8:21, 22); entendemos assim, que o primeiro deles que era escriba tinha que ficar na sua função de ensinar, ou seja, ele deveria ficar na vocação que foi chamado! (ver: Mateus 8:19, 20) Você já imaginou se a nossa mão ficasse no lugar da boca, a boca no lugar do nariz e assim por diante? Que coisa estranha seria isso! Porém, na Seara do mestre, sempre encontramos estas anomalias, isto é, pessoas na função para o que não foi chamada por Deus!
Continuando nossa reflexão, passamos agora para o 3º tipo de chamada, isto é, a CHAMADA DE DEUS. Esta é uma chamada específica para o trabalho do mestre (não confundir com a chamada coletiva para Salvação e para o trabalho cristão onde todos são chamados, porém, estes que são chamados para o trabalho precisam se encaixar na sua real função na obra do mestre). Por ser específica esta chamada, ela pode ser cognonimada também de VOCAÇÃO, isto é, o Senhor vocaciona determinadas pessoas para um trabalho específico; a vocação pode ser chamada de ministério, isto é, a pessoa que descobre a sua vocação na “seara” do mestre irá desenvolver o seu ministério com sucesso se cumprir algumas regras. Sendo assim, nem todos estão habilitados por Deus para serem Doutores, pastores, profetas, operadores de milagres e etc., mas apenas aqueles que Deus vocaciona para aquele fim que já está no coração de Deus (Efésios 4:11). Trocando em miúdos, todas as pessoas são chamadas para o trabalho na seara do mestre (Mateus 28:19), porém, cada pessoa precisa se encaixar de fato e de verdade na função onde Deus a realmente quer e a chamou, isto é, CADA PESSOA deve descobrir a sua verdadeira vocação no serviço cristão. Mas afinal, o que é na verdade uma VOCAÇÃO? Segundo os dicionários é: “Ato de chamar” (tem a ver com a chamada coletiva para o trabalho aonde a pessoa chamada se encaixará onde Deus realmente quer e não aonde o homem quer ou onde ela mesma queira); Vocação é ter uma “tendência” para algo, “inclinação”; “aptidão”, “afinidade”, “dom” e etc. Ou seja, a pessoa tem uma capacidade além do normal, dada por Deus, para exercer uma função específica na seara do mestre! Segundo o pastor Eliezer Morais - em seu comentário feito no ensinador cristão pag. 48 – como ele bem coloca: “Esta chamada se transforma em ministério, quando o professor da escola dominical começa a entender que Deus o chama especificamente para exercer determinada atividade”, isto é, tratar-se de uma verdadeira VOCAÇÃO de Deus. No Antigo Testamento, temos muitos exemplos de pessoas que foram chamadas e vocacionadas por Deus para um fim específico como no caso de Bezalel e Aoliabe (Êxodo 35:30-35). De igual forma, Deus vocacionou a Arão e seus descendentes para exercerem o sacerdócio em Israel (Êxodo 28:1-3) e assim por diante. Assim, entendemos que não basta ser chamado, tem que ser vocacionado!
Quando focalizamos a vocação no ENSINO cristão – no caso os professores e mestres da E.B.D - devemos ter em mente que a coisa é mais séria do que pensamos. E porque? Diziam meus professores, que se um médico errar na cirurgia que faz, morrerá apenas uma pessoa; se um engenheiro falhar nos seus cálculos, morrerão dezenas e até centenas; e o que não dizer então de um professor da E.B.D mal formado que ensina heresias em várias classes ao longo dos anos? Quantos não absorverão um conhecimento errado e passarão a multiplicar uma heresia pelo resto da vida? Lembre-se que depois de ensinado é muito difícil de corrigir! Seria um mal ensinado e a ser multiplicar ao longo dos anos. Por isso, defendemos que não basta ter a chamada e mesmo a Vocação apenas (inclinação); o mestre (professor- ensinador) deve ter mais que isto, ele deve estar PREPARADO em 5 níveis, e são eles:
1º - PREPARO BÍBLICO
2º - PREPARO ESPIRITUAL
3º - PREPARO INTELECTUAL
4º - PREPARO PSICOLÓGICO
5º - PREPARO FÍSICO

Nunca deveríamos nos esquecer, que um professor é acima de tudo um formador de opinião (ou pelo menos deveria!) (Mateus 28:19, 20). A ordem de Jesus foi que deveríamos ir e “...fazei discípulos”! O detalhe aqui é que: um discípulo não é feito APENAS com uma única pregação, ou da noite para o dia (requer um período de ensino extenso com o aluno, até que ele seja um imitador, ou seja, um discípulo; se assim é, não basta apenas dizer que Jesus salva ou entregar um folheto, pois fazer discípulo é mais que isso!); não se faz um discípulo apenas “pregando” uma mensagem vazia e apenas como teoria! (para que a pregação tenha eficácia deve ser vivida no dia-a-dia, isto é, tem que haver coerência entre o que o mestre-professor ensina e vive!). Além, disso, devemos notar que o ministério do ensino é árduo, porque na maioria das vezes ele tem resultados apenas em longo prazo e não em curto como muitos o querem! Como seria isto? Quase todo ensino exposto tem resultado Apenas em “longo prazo”, pois o ensino não é como uma pregação que instantaneamente causa frenesi nas pessoas, trazendo emoções e etc.; na maioria das pregações o resultado acontece no exato momento que se ouve (especialmente os MOVIMENTOS que certos pregadores gostam), porém, que logo é esquecido e muitas vezes, nem é absorvido conhecimento algum, portanto, na maioria das vezes estes movimentos não trazem nenhuma lição bíblica. Já o ensino, ele vai ficar, vai perdurar por toda a vida, embora saibamos que não seja fácil deixar um discípulo pronto de uma hora para outra (Jesus discipulou o seus 12 por cerca de 3,5 anos e ainda disse que um deles iria trair, os outros iriam abandoná-lo e ainda que Pedro ainda não se tinha convertido! Jesus disse: “quando tu te converteres” entendendo que ele ainda não estava completamente preparado. Daí se OBSERVA que ensinar é uma ARTE, a qual não está para todos e sim para os chamados é vocacionados por Deus e não pelo Homem e MUITO MENOS por si próprio.

(Desenvolvido pelo Pr. Sebastião Soares da Silva em 20/4/2011)

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